sábado, 14 de agosto de 2010

Dias de Camaleão

Cá estou eu coberta com um edredom cheio de corações coloridos, sentada em frente ao computador, e, acabo de ver um filme estilo comédia romântica, daqueles que quando a gente vê a primeira cena já sabe quem vai ser o par de quem no fim. Nada de suspense. Nada de novo. Mas coube ao dia frio e pensativo que tive.
Na verdade não só hoje, mas esses dias todos eu tenho estado mais sensível e com mais vontade de ficar a sós com os meus pensamentos. Mas longe da agonia. Não é a agonia que me faz ficar só, e sim a minha certeza de que os meus próximos dias vão ser surpreendentes. Não sei explicar o por quê disso; só sei que sinto. E sentir é o mais importante pois é o que temos de verdadeiro naquele momento, não importando o que vem após.

Esses meus últimos dias foram bem interessantes. Aconteceram muitas coisas, fatos marcantes, encaixes de flashes que antes estavam soltos pelo ar e que agora fazem pleno sentido. Sentimentos que não combinam fizeram um passeio pelo meu peito... gostar de alguém e querer seu bem, decepção, raiva, desprezo, saudade, alívio. Pressentimentos. Sonhos que confundi com realidade. Deletei pessoas da minha vida por opção, e, confesso que foi um dos melhores feitos da semana. Porém, algumas pessoas resolveram se despedir da forma mais dolorosa: a morte.

Escrevi, chorei, gargalhei, mudei minha cama de lugar. Joguei fora objetos velhos, reorganizei meu quarto, vi muitos filmes.
Saí com vontade, saí com tédio. Reencontrei pessoas que não via há muito tempo, fiquei mais próxima de pessoas queridas. Conheci gente nova, saí com os mesmos amigos. Fiz meu pai chorar de emoção e minha mãe não falar comigo por dois dias. Senti falta dos meus amigos, dancei, bebi, não dormi.
Joguei na mega sena pela primeira vez, e, quase ganhei. Ouvi coisas já esperadas e falei outras que ninguém estava preparado para ouvir. Estresse com a burocracia da faculdade, feliz com as próximas matérias. Peguei meu ônibus de sempre da madrugada no fim de semana, fiquei deitada na cama por um bom tempo. Um dia de sol, o outro de frio. Um eu acordei de maria-chiquinha e o outro de maquiagem borrada.

Passei por diversos papéis: a que precisou de uns conselhos, a que teve força pra ajudar. Ajudei minha mãe, meu pai. Dei aula de história, procurei começar aulas de boxe. Brigas entre pessoas queridas, desentendimentos já prováveis. Num dia eu estava sozinha em casa jogada no sofá sem o celular tocar, no outro eu havia passado o dia todo fora e rodeada por pessoas que me querem ver feliz. Rodeada de elogios, de promessas, de certezas que construí. E pude perceber como a gente se deixa levar por acontecimentos tão banais comparados ao que podemos ser.
Foram muitas sensações e momentos para poucos dias.

Precisei ouvir das pessoas e ficar muito sozinha pensando para que eu pudesse me dar o merecido valor e, além disso, perceber que algo de mais significativo me espera.
A gente colhe o que a gente planta, essa é a verdade. Pode não ser de imediato, mas colhe. Podem haver chuvas e tempestades entre dias de sol, podem haver dias de pragas entre dias lindos. Mas no fim, o produto é sempre fruto da semente.

5 comentários:

  1. a vida não seria boa se não fosse assim: um paradoxo. é disso que a gente precisa e isso que nos faz ter mais vontade de estar diferente a cada dia, mesmo sendo igual ao dia anterior. entende? e o texto tá sensacional! te amoooo, jubs!

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  2. muito bom o texto ju!
    bola pra frente que tem muito por vir! bom saber que vc amadurece todas os nossos papos...

    muito bem!!

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  3. "certeza de que os meus próximos dias vão ser surpreendentes". Ju, vc que é surpreendente e surpreende a todos que te conhecem bem. Esse seu movimento pessoal de ir fundo nos sentimentos, de viver o luto de forma intensa de pessoa viva mas tendo que torná-la morta dentro da gente e ao mesmo tempo fazer nascer um sentimento de vigor e força pra seguir positivamente pela estrada da vida, com certeza é um ótimo começo para se conseguir a forma simples de ser feliz, porque hj eu sei que essa felicidade está mt perto, está dentro da gente...bjs, te amo, mamy!

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  4. Nossa! Me identifiquei um pouco! Muito bom!

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