"Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário... Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade nada muda.
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar, prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso, e quando o faço, nem noto. O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado. Nunca é na frente. É o segundo mais tarde, próximo, seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou, o que partiu
O que agora só ficou em pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento.
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi, calçadas e avenidas.
Deixa explícito que se vou pra frente, coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas"
Amem - O Teatro Mágico